Review of Beau Is Afraid (2023) by Alanpotter17 — 24 Apr 2023

Psicanálise pura, com um Joaquim Phoenix inspirado, e um texto um pouco longo sim, é verdade, mas se você fizer a ligação do roteiro com o Complexo de Édipo e sua relação conturbada com a mãe, é uma história muito gostosa de acompanhar, com toques de fantasia e criatividade.

Beau é um sujeito urbano, que sofre de ansiedade e depressão, e morando só, numa cidade conturbada, ficamos na dúvida de quem realmente tem problemas mentais. A vizinhança caótica, o urbano sendo retratado de forma crua, tudo se torna muito orgânico.

Então ele parte de uma jornada em busca da mãe, na verdade meio que de forma involuntária, pois devido uma noite bem mal dormida (que não sabemos se foi um sonho), com toques de invasão e suspense, ele desmaia e já aparece em outro cenário, mais bucólico, com um potencial um pouco menor de impacto, é verdade, mas ainda assim com ótima caracterização.

A criatividade dos figurinos e a mente insana de Ari Aster estão afiadas aqui. Ao se deparar com a mãe, Beau enfrenta seus medos, relacionados à morte, à mentira, a laços familiares com pendências traumáticas.

É um filme de muitas camadas, uma pena que ficou cansativo demais para a proposta, mas tem-se em Beau uma busca na sua mente por provocar acertos e consertar os erros do passado, com um inconsciente muito mais difícil de lidar do que a mera superficialidade da exposição de um roteiro linear.

É um filme para sentir e, acima de tudo, um filme bem colorido, bem caracterizado, bem feito. Ari Aster ganha pontos por criar uma obra assustadora e laçada pela mente.