Review of Don't Make Me Go (2022) by Alanpotter17 — 24 Mar 2023

É um "Aftersun" do mainstream, sem as técnicas e delicadezas que poderia ter sido. A história é centrada na relação entre pai e filha, e ao menos a química entre os dois garante o interesse até o final.

O filme começa com uma cena dos dois numa praia de nudismo, a qual será retomada em um momento chave da história, pois depois da abertura, o enredo retrocede um pouco para vermos como os personagens foram parar lá. Obviamente foi só um detalhe "engraçadinho" do filme, que narra basicamente um drama bem pesado: o pai descobre que tem uma doença no cérebro e lhe restam duas opções, ou fazer uma cirurgia com pouquíssima chances de êxito ou então aguardar a morte por algo em torno de um ano, dado o tumor ser maligno e estar crescendo.

Assim, os dois resolvem dar uma pausa em suas vidas (ambos tem um relacionamento, o do pai bem mais sólido do que o da filha), para se aventurarem numa espécie de road movie para ir ao encontro da mãe, afinal, a filha não poderia ficar só.

Nesse caminho, há dois problemas: o filme é extremamente convencional e não se justifica o pai esconder a doença e suas intenções da filha, uma vez que a garota já é uma adolescente, uma simples conversa aqui resolveria muita coisa. Assim, o roteiro opta por escolher a via mais piegas, e com isso consegue arrancar cenas de vergonha alheia. O auge foi o constrangimento ao pararem na tal praia de nudismo, ou seja, ficaram criando situações forçadas e com dramas apelativos, como a situação por si não fosse o suficiente apara sustentar o argumento.

Note por exemplo que um filme como "Aftersun" consegue arrancar mais carga dramática indo pelo caminho oposto, ou seja, apostando na contenção e simplicidade do cotidiano, e olha que estamos falando da mesma relação com o pai, mas com uma filha ainda mais nova. Até a cena de Karaokê existe aqui, pra ver como a comparação faz sentido.

E embora o road movie tenha sido meio aborrecido, o filme cresce no seu final, quebrando as expectativas e fazendo pensar, claro que com muito didatismo, afinal, é um filme que a todo instante precisa ser palatável.

Ou seja, tem uma mensagem bonita, mas não foge do convencional, daqueles tipos de filme que até pode arrancar lágrimas, mas não sairão do lugar comum. Ainda bem que as atuações também estão muito boas, e tudo é muito bem feito, a ponto de pelo menos ser crível o suficiente e emocionante o suficiente até o final. Tá longe de ser ruim, mas poderia ser muito mais.