Review of Empire of Light (2022) by Alanpotter17 — 05 May 2023

Não sei o que houve com a sutileza do Sam Mendes, o salto dado entre "Beleza americana" e este "império da luz" é impressionante, infelizmente um salto para trás. Olivia Colman de fato é genial, ela tenta dar uma profundidade ao personagem que não existe.

O filme tem como cenário principal um cinema, daqueles antigos, de rua. É importante dizer que se passa na década de 1980. Ao centrar-se na gerente com sérios problemas mentais, uma mulher apática, sem vida, mas ao mesmo tempo que busca uma luz, como por exemplo no trabalho (seria daí o tal império da luz associada à projeção da tela?).

Lá nesse pequeno mundo, ela tem seus romances, inclusiva, dois dos quais terão grande peso à obra.

A introdução meio intimista até que é boa, mas daí o filme se perde. Não se sabe mais se a história é sobre o romance interracial, sobre um estudo de personagem, sobre a diferença de idades, e pra completar uma analogia com o cinema que ficou meio deslocada, tal qual no filme Babilônia, mas pelo menos neste emociona.

Do nada skinheads e o tema do racismo entra numa rajada, assim como e esvai. Tudo bem, poderia ser a intenção do filme mesmo tratar diversos temas já que somos seres permeados por múltiplas identidades. Mas precisa mesmo ser narrado dessa forma tão aborrecida?

Achei um exagero a indicação para fotografia. Não que esteja ruim, está competente, mas há trabalhos bem melhores. Se bem que, se for analisar o conjunto, diria que a fotografia e a trilha são bem interessantes mesmo, quando visitam o andar desativado do cinema é um estopim visual, assim como as cenas nas praias e a tomada em que, antes dos skinheads adentrarem o saguão, a câmera põe como centro o personagem negro, uma porta de cinema os separando. Enfim, tem seus momentos, mas acho exagero uma indicação ao Oscar.

Aí a história vai acontecendo, não sabemos exatamente quais tipos de problemas mentais a personagem tem, não sabemos exatamente por onde o seu coração pulsa, é tudo meio jogado, embora tenha um certo capricho na produção e principalmente na atuação, faltou um toque de emoção.

O roteiro vai tentar salvar o filme em alguns momento, quando ela lê poemas, ou quando o cinema em si se torna personagem central. Mas é muito pouco para alguém que já criou verdadeiras obras-primas, como o já citado "Beleza Americana" ou o mais recente "1917". Ainda assim é um filme agradável de assistir, mas completamente menor na carreira do diretor.