Review of Luther: The Fallen Sun (2023) by Alanpotter17 — 15 Mar 2023

John Luther é um policial com um passado ou atitudes muito duvidosas, e o filme inicia freneticamente, mostrando um caso em que o policial é chamado mas logo é afastado e preso quando seus podres vem à público.

Assim, como todo bom filme policial, a história gira em torno dos acontecimentos seguintes, geralmente jovens que somem e são mortos, e seguimos a pista para desvendar quem está por trás de tamanha violência, uma vez que os corpos dos jovens são encontrados mortos e, ainda por cima, o assassino os usa como isca para alguém da família. Não sei se há algo explicado na série, mas se você busca saber o que ronda o passado de Luther para que ele seja afastado do caso, aqui você não irá encontrar. O pior de tudo é que o assassino escolhe a dedo suas vítimas, ao que parece o familiar mediante o qual o assassino faz contato é que é o alvo de todo sofrimento, a premissa do filme usada pelo assassino é justamente fazer sofrer esse familiar mediante os jovens mortos, mas também não sabemos os motivos, ficou tudo muito implícito ou simplesmente o filme não teve a criatividade de criar um. É como pensar em "Jogos mortais" e não saber porque os escolhidos ficaram naquela presos lá.

Tirando esse furo do roteiro, temos um típico filme de detetive, com muitas concessões, fugas facilitadas, reviravoltas simples, o roteiro está muito bem amarrado pelo menos, mas claro com muita boa vontade se consegue aceitar certos desenrolares.

O que me agradou bastante foi a fotografia, muito bonita, não há cenas tremidas, tudo é muito clean, e também a trilha sonora, mantendo o suspense. E as duas horas não cansam, é um filme muito bem ritmado, fiquei até sentindo faltas de mais explicações como dito anteriormente. Mas o ápice no geral é apenas correto, não há reviravoltas, nem grandes sequências. É quase um filme de drama e suspense, e pouca ação, o que o torna claro, mas devido o roteiro superficial, não muito interessante quanto poderia ter sido.

O vilão falando sobre moralismo das escolhas de suas vítimas, sem nem ao menos sabermos quem são, e apenas pondo em cheque a seletividade da violência, pareceu bem ridículo na verdade. Max Weber já fazia essa crítica ao monopólio da violência pelo Estado há mais de 100 anos. Assim o discurso soa meio vazio, já que além da parceira de Luther e dele próprio, sequer conhecemos os demais. Achei interessante o fato de que há uma crítica ao televisionamento do espetáculo, uma vez que o ápice da violência é transmitido via streaming, o que dá corda para se pensar nessa banalização imagética, mas apenas isso, uma pincelada.

Ficou faltando aí adaptar melhor para a linguagem própria do cinema, que em muito difere da TV, pois é um personagem muito bem encarnado por Elba, com muita presença de tela, mas que lhe faltou substância. Ao menos indica uma provável continuação, e torço para que ocorra, pois tem elementos de sobra pra ser melhor caso corrija o que vimos aqui.