Review of The Curious Case of Benjamin Button (2008) by Ninon M — 10 Feb 2018
Assim como o sol que brilha no céu dá lugar à lua durante a noite, nós, seres humanos, estamos destinados a nascer e a morrer. É um ciclo sem escapatória, cuja sequência de eventos está muito bem definida. Mas este não é o caso para Benjamon Button (Brad Pitt), um homem que nasceu velho e está destinado a rejuvenescer, até cumprir o seu ciclo.
Adaptado do conto de F. Scott Fitzgerlad, escrito em 1921, The Curious Case of Benjamin Button é mais uma conquista na ambiciosa filmografia do realizador David Fincher, que neste caso sai fora do seu registo usual. Os seus filmes costumam abordar temas controversos e obscuros, mas Benjamin Button é mais uma história na veia de Forrest Gump (1994), com Brad Pitt no lugar de Tom Hanks, um rapaz simples que caminha pela vida e tenta ultrapassar os seus obstáculos muito particulares. (As semelhanças começam no argumentista, Eric Roth, que escreveu ambos os guiões dos filmes).
O filme começa com uma mulher (Julia Ormond) sentada ao lado da sua mãe moribunda, que está numa cama de hospital em New Orleans a ler-lhe o diário de um antigo amante - Benjamin Button. A história entre Benjamin e a sua mãe é o foco da narrativa, enquanto breves passagens decorrem no quarto do hospital. Lá fora, o furacão Katrina começa a aproximar-se impiedosamente do estado americano de Luisiana.
Benjamin nasceu em New Orleans, no primeiro dia após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Como nasceu velho, o pequeno é uma criatura muito estranha, e em pânico, o seu pai, Thomas (Jason Flemyng), abandona-o nas escadas de um lar, onde é adotado pela calorosa Queenie (Taraji P. Henson), que lá trabalha.
Novo de espírito mas velho de corpo, Benjamin sente-se acolhido no lar, onde desde muito cedo se habitua a ver as pessoas partir. Certo dia, conhece a neta de uma das senhoras do lar, Daisy (interpretada quando for mais velha por Cate Blanchett), que vai entrando e saindo da sua confusa vida.
O que desde cedo é admirável em The Curious Case of Benjamin Button, tendo em conta que acompanhamos os diferentes estágios da vida de Benjamin, é o facto de ser sempre Pitt no ecrã. Mesmo quando está num corpo mais velho e de cadeira de rodas, a tecnologia digital, aliada a um meticuloso trabalho de maquilhagem, permitem que seja sempre a sua cara que está por trás das rugas e marcas da idade.
Como Fincher já nos tem habituado, tecnicamente e em termos atmosféricos, o filme é brilhante. Existe um equilíbrio entre a imagem e a narrativa, em certas sequências o destaque está no conteúdo da imagem, noutras, a imagem parte para segundo plano, deixando a narrativa fluir de forma hipnotizante.
O argumento de Roth tem um desenvolvimento muito lento, o que faz com que a primeira hora, do total de duas horas e quarenta e seis minutos de filme, seja algo aborrecida, mesmo que a premissa suscite curiosidade imediata. Depois da primeira hora, a aventura de Benjamin começa a tomar forma e algum entusiasmo.
As secções de Pitt e Blanchett são encantadoras e ambas as performances são mais que competentes. A sua história de amor é tão bela quanto trágica, fruto da natureza das personagens.
Em termos de impacto emocional, Benjamin Button satisfaz plenamente. É um filme apaixonante sobre o tempo, o nosso propósito, a vida e as nossas limitações enquanto seres. Mas por vezes limita-se a tocar nos assuntos e não os examina de forma minuciosa, um pecado menor quando há tanto por dizer e contemplar.
8/10.
This review of The Curious Case of Benjamin Button (2008) was written by Ninon M on 10 February 2018.
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