Review of The Phantom of the Open (2022) by Alanpotter17 — 04 Apr 2023

Um filme verdadeiramente inocente que tenta passar uma mensagem de otimismo, usando como pano de fundo a vida de Maurice Flitcroft (Mark Rylance), um inocente senhor que se encanta com o golfe e consegue, dadas aas relações familiares, participar do Open e entrar para a história com os piores marcos.

Já deixa de ser notória a escolha de provocar um esporte considerado de classe alta, como se fosse um contraponto ao esporte de massa. assim, o roteiro é conduzido pela inocência do homem, e não como uma provocação. Não sei ao certo o que ocorrera de fato, mas pelo menos na tela funciona muito bem, e também há uma dose de lirismo (a cena em que ele sobe uma escada onírica, mostrando sua instantânea paixão pelo esporte é linda demais).

Sua relação com a esposa e com os filhos é dos raros episódios que acrescenta mais do que atrapalha a obra, pois com isso conseguimos sentir a dimensão entre o fazer o que se gosta e o fazer correto engessado.

Depois da primeira parte, o filme decai um pouco o tom no lirismo e vai se tornando um tanto monótono, o lado bom é que, por não ser um filme pretencioso, não cometeu excessos, mas também nada memorável. O discurso final é lindo demais, e a retomada da família não ficou piegas, mesmo com a trilha forçada.

Ainda assim, não é tão subversivo assim. Flitcroft precisou de alguma dose de aprovação social, e em tempos de mídias banalizando os trabalhos mal feitos, não é de se espantar que surja um novo Flitcroft. Ao menos passa uma mensagem irônica quando o roteiro faz questão dele repetir que o segredo está no treino constante, quando na verdade sabemos que não há segredo, é uma dose alta de dedicação e treino, claro, mas também com habilidades, sorte, vontade etc.

O filme está longe de abraçar uma moralidade típica de filmes de esportistas tradicionais, mas como dito, também está longe de soar subversivo. Ele precisou dos holofotes da imprensa para ter validado seu momento, e a áurea clean quase dá um tom natalino à película, carregada de aplausos alheios.

Ainda bem que os personagens foram bem trabalhados, simpáticos o bastante para realçar a inocência (se é mesmo que na vida real foi assim). Mas de todo o modo, uma história muito gostosa de acompanhar que passa o recado correto de que às vezes não precisamos nos levar tão a sério assim.